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Caixa Preta Prevenindo Fatalidades

Um grupo de analistas no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), com coordenação do professor John Hansman, está desenvolvendo e estudando um sistema capaz de identificar problemas de voos e aeronaves através da análise de dados das famosas caixas pretas.

O sistema utiliza uma espécie de data mining que quebra os dados das diversas rotinas similares de voo para então procurar por anormalidades nestas rotinas. Com estes dados os analistas poderão estudar e verificar as anormalidades, procurar causas e também verificar se existe motivos que geram preocupação.

Os programas de certificação que algumas companhias aéreas participam já utilizam este tipo de sistema. O sistema em desenvolvimento pela MIT e implantado em teste no Boeing 787 grava em torno de 2 mil parâmetros de voo continuamente, comparado com os 88 parâmetros utilizados em alguns programas de certificação.

A MIT gravou os dados de 365 voos de Boeings 777 e detectou várias anormalidades, muitas delas geradas por ações humanas, e não erros mecânicos. Dentre elas, os analistas encontraram um piloto que decolava frequentemente com empuxo reduzido, e também um pouso em que as flaps do avião estavam configuradas incorretamente, resultando em uma aproximação instável em baixa altitude e requerendo mais força que o normal.

Um dos problemas em desenvolver um sistema deste tipo são os obstáculos que os analistas têm para conseguir mais dados das empresas aéreas. Várias burocracias impedem a obtenção das informações contidas nas caixas pretas. O professor Hansman espera que estas dificuldades sejam superadas para que os estudos possam avançar, gerando um sistema modelo que ajudará na redução de acidentes na aviação, já que a maioria deles são tão difíceis de detectar antes que aconteçam.

Aviação & Segurança – Parte 6

E as colisões que acontecem em pleno ar?

Uma colisão em pleno ar não é notícia boa para ninguém. Ao começar a voar, todo piloto é instruído a ficar sempre atento, avistando e monitorando as outras aeronaves. As colisões aéreas não são muito comuns, e pelo fato de serem raras, elas geralmente fazem as manchetes. A maioria destes acidentes ocorrem em dias com tempo limpo, dentro de apenas alguns quilômetros de um aeroporto.

Para evitar colisões com outros aviões, existem algumas precauções que devem tomadas. Em aeroportos movimentados, particularmente com tráfego aéreo comercial, a torre de controle fornecerá instruções de pouso e decolagem através de comunicações por rádio. Todos os voos na região do aeroporto mantém contato com a torre para coordenar seus movimentos.

Nos aeroportos mais pequenos, sem torres de controle, certos padrões de tráfego de voo são estabelecidos. Com isto, os pilotos sabem o que deve ser observado. A comunicação por rádio também é utilizada, permitindo que os pilotos daquela região saibam das intenções dos demais pilotos e então possam coordenar o tráfego aéreo com segurança.

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) possui um extenso sistema de controle aéreo e um de seus propósitos é manter as aeronaves separadas, em distâncias que proporcionam segurança. Em áreas de alta densidade, todos os voos são controlados por radar. Qualquer aeronave voando neste espaço aéreo tem um aparelho (o transponder) que permite que os controladores identifiquem a aeronave, sua velocidade, direção e altitude. Antes de voar em uma dessas áreas, os alunos pilotos recebem treinamento sobre todos os procedimentos adequados e necessários.

Aviação & Segurança – Parte 5

E os acidentes causados por mau tempo?

Você provavelmente já esteve envolvido em viagens de avião que acabaram com voos atrasados por causa de trovoadas, nevoeiros ou neve. Nenhum tipo de transporte é imune às condições climáticas. Na aviação geral isto é notado em primeira mão pelo piloto que está observando tudo o que está acontecendo fora da aeronave em relação ao clima e tomando as precauções antes que qualquer dificuldade venha à tona. Além de ser uma necessidade para um voo seguro, é uma oportunidade fascinante para observar e aprender sobre os fenômenos climáticos naturais que afetam nossas vidas na terra e também no ar.

Ocasionalmente você verá notícias sobre uma aeronave que tenha caído ao realizar voo durante condições climáticas não favoráveis. Os meios de comunicação são, algumas vezes, imprecisos nos seus relatos, principalmente por causa da pressa para fornecer uma notícia instantânea. A aviação é um assunto técnico e uma rápida análise não leva em consideração todos os fatos que explicaria por que um determinado acidente ocorreu. Na maioria dos casos, um acidente relacionado ao tempo é um acidente relacionado ao piloto: as chances são de que o piloto não estava devidamente qualificado para voar com o mau tempo e superou os limites próprios e também os da aeronave.

Os pilotos primeiro aprendem a voar sob regras de voo visual (VFR). Isto requer que eles tenham uma visibilidade mínima e também que possam manter uma certa distância das nuvens. A maioria dos pilotos, no entanto, escolhem uma margem meteorológica maior do que as mínimas para garantir um voo seguro. Voar dentro de uma nuvem, por exemplo, pode significar a perda de referência do horizonte, da mesma forma que acontece ao dirigir um carro com nevoeiro espesso. Durante um voo, o ser humano não consegue distinguir a posição quando se perde a referência externa, por isso temos de contar com os instrumentos de voo. Como um piloto estudante, você será lecionado sobre a utilização de instrumentos que são destinados ao uso apenas como último recurso. O voo por instrumentos requer treinamento adicional e forma a base para o próximo passo, que então qualifica um piloto a voar nas nuvens.

Um piloto VFR que fica nas nuvens está, sem dúvidas, tomando decisões errôneas, e os resultados destas decisões geralmente fazem manchetes. Isso é facilmente evitável. Pilotos estudantes aprendem os conceitos básicos de meteorologia e interpretação, e livros, vídeos e artigos de revistas para complementar o aprendizado sobre o assunto não faltam.

Antes de qualquer voo os pilotos conscientes obtêm um briefing das condições climáticas e da previsão do tempo. Muitas vezes os pilotos também reportam condições climáticas em tempo real durante a rota da aeronave. Na maioria das vezes que um acidente relacionado ao mau tempo ocorre, o piloto havia sido alertado de que voar VFR não era recomendado.

Assim como os velejadores têm que manter um olho atento para o tempo, os pilotos também devem manter atenção para as condições adversas. Ao contrário de muitos barcos, um avião geralmente consegue “fugir” das tempestades. Problemas surgem quando os sinais de alerta são ignorados. Às vezes os alertas são sutis, mas à medida que os riscos aumentam eles se tornam pronunciados. No fim, basta um pouco de bom juízo para salvar o dia… ou digamos, o voo?

Aviação & Segurança – Parte 4

E os acidentes de aviões… eles não são geralmente graves?

Existe um equívoco de que a maioria dos acidentes com aviões são graves. Na verdade, cerca de três quartos de todos os acidentes aéreos resultam em ferimentos leves ou quase inexistentes para o piloto ou passageiros. Tudo depende do tipo de acidente e como a aeronave foi conduzida na situação.

Assim como automóveis, certos tipos de acidentes são mais sérios. Uma colisão frontal de um carro é geralmente grave. Na aviação, acidentes relacionados ao mal tempo são geralmente os mais graves. “Arranhõezinhos” são muito mais prováveis. O equivalente dos “arranhõezinhos” na aviação talvez sejam os acidentes de pouso – eles geralmente acontecem em velocidade relativamente baixa, e as lesões (além das lesões no ego dos pilotos), não são muito comuns.

Um cenário típico seria um dia com ventos que não estão alinhados com a pista de pouso. O vento lateral fará com que a aeronave se desloque do centro da pista se o piloto não estiver fazendo a devida correção. Um pouso bruto pode geralmente causar danos na aeronave. Tais acidentes são facilmente prevenidos com o desenvolvimento e manutenção da proficiência para manusear a aeronave quando há ventos e também selecionando pistas de pouso que estão alinhadas com os ventos predominantes.

Veja abaixo as imagens de alguns pousos e decolagens com vento de través (crosswind) de várias aeronaves em SBGR (GRU – Guarulhos, São Paulo, Brasil).

 

Aviação & Segurança – Parte 3

O que acontesse se o motor falha?

Esta talvez seja uma das dúvidas mais perguntadas desde a invenção do avião movida à motor. Primeiro, deve-se notar que os motores de aeronaves raramente têm problemas que causariam a completa falha do motor. A maioria dos pilotos vão passar a vida inteira voando sem ter um mal funcionamento do motor principal. Os motores são projetados com sistemas de ignição dupla, além de duas velas por cilindro, de modo que, se um sistema falhar, o motor continuará funcioando no segundo sistema.

Mas como os sistemas mecânicos não estão livres de falha, o que pode ser feito quando um motor decidir parar em pleno voo? A aeronave é equilibrada para que se torne um planador. O nariz da aeronave cai um pouco abaixo do horizonte e então torna-se estável. Embora o motor tenha parado de gerar empuxo, as asas ainda estão produzindo uma força de sustentação para a aeronave. Uma aeronave de treinamento típica pode planar em torno de 14.5 quilômetros a partir de uma altitude de 1.828 metros acima do solo. O piloto continua com plena utilização dos controles de vôo para virar e descer. A única coisa que não pode ser feita é continuar subindo. Embora pousos forçados raramente acontecem, os pilotos são treinados para procurar locais para um pouso seguro, como um campo aberto, por exemplo.

Veja no vídeo abaixo um exemplo de treinamento de pouso forçado com o motor completamente desligado:

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